Marina era uma só. Mas dentro dela viviam sete. A cada dia da semana era uma Marina diferente e, ao mesmo tempo, sempre a mesma.
Marina tinha uma paixão secreta. Na verdade, sete. E, todos os dias, no mesmo horário, religiosamente, ela tinha seus encontros secretos – alguns nem tão secretos assim. A cada dia uma nova fantasia, um novo amante, um novo destino.
Aos domingos, Marina vivia à francesa, mudava seu nome para Delphine e gostava de usar vestidinhos de cores claras. Lembravam um pouco sua infância, quando a mãe a vestia e penteava para a missa de domingo. Agora os tempos são outros (Marina não vai mais à missa), mas seus vestidinhos ainda a fazem se sentir apenas uma garota romântica, dançando pelas ruas de Paris e, às vezes, cantando sem perceber.
Às segundas, Marina gostava que lhe chamassem Holly, ou Mrs. Golightly. Ela tinha um gato, que não tinha nome, mas era sempre boa companhia. Usava longos vestidos pretos, luvas e pérolas, sempre achando que a vida era uma festa. Caminhava com a leveza de quem come croissant na Quinta Avenida. Brincava de ser boneca. De luxo, claro.
Em alguns dias Marina se cansava de seu romantismo, isso acontecia geralmente às terças. Ela abria o guarda roupa e escolhia, entre os seus vestidos, o que lhe parecesse mais provocante. Nestes dias, Marina era pura sensualidade em seus banhos demorados, perfumes marcantes, leves movimentos - sempre provocantes - tão natural em sua inocência que Marina despertava olhares ínvidos e ávidos no seu leve caminhar, como de quem flutua.
Na quarta-feira ainda havia muita sensualidade em Marina, somada a uma inocência quase infantil. Atendia pelo nome de Juliete Hardy e, apesar de parecer apenas uma garota meio perdida, talvez indecisa, ou somente jovem demais, podia chocar uma cidade inteira como tanta segurança no seu caminhar e tantos desejos no seu olhar.
Quinta-feira era um dia de trabalho para Marina. Era um dia em que não fosse seu sorriso encantador, perderia todo o seu charme feminino dentro de uma calça escura e uma camiseta. Vendia uns exemplares de um jornal local no centro da cidade mas, Marina sonhava mesmo que gritava “New York Herald Tribune” em plena Champs Elysées.
Marina tinha um jeitinho de princesa, todos concordavam quanto a isso mas, às sextas, Marina se sentia uma rainha, como Christina na Suécia. Bem, ela podia nunca ter estado lá, mas tinha certamente uma força no olhar, segurança em seus atos, uma melancolia talvez ou, simplesmente, garbo.
Tinha também um ar de mistério, típico das francesas, especialmente aos sábados, quando ela gostava de se aventurar pelas estradas – na maioria das vezes acompanhada de um homem de terno cinza que fumava demais – viver sem preocupações, mas sempre com intensidade. Deve ser por isso que nesses dias seu nome era Renoir. Marianne Renoir.
Assim me disseram ser Marina. Vivia tantas estórias, aventuras e vidas que não a pertenciam, mas alimentavam o seu ser. Os filmes lhe invadiam alma com tanta força que lhe faziam esquecer quem era e ir viver dentro de uma tela de cinema.
Marina tinha uma paixão secreta. Na verdade, sete. E, todos os dias, no mesmo horário, religiosamente, ela tinha seus encontros secretos – alguns nem tão secretos assim. A cada dia uma nova fantasia, um novo amante, um novo destino.
Aos domingos, Marina vivia à francesa, mudava seu nome para Delphine e gostava de usar vestidinhos de cores claras. Lembravam um pouco sua infância, quando a mãe a vestia e penteava para a missa de domingo. Agora os tempos são outros (Marina não vai mais à missa), mas seus vestidinhos ainda a fazem se sentir apenas uma garota romântica, dançando pelas ruas de Paris e, às vezes, cantando sem perceber.
Às segundas, Marina gostava que lhe chamassem Holly, ou Mrs. Golightly. Ela tinha um gato, que não tinha nome, mas era sempre boa companhia. Usava longos vestidos pretos, luvas e pérolas, sempre achando que a vida era uma festa. Caminhava com a leveza de quem come croissant na Quinta Avenida. Brincava de ser boneca. De luxo, claro.
Em alguns dias Marina se cansava de seu romantismo, isso acontecia geralmente às terças. Ela abria o guarda roupa e escolhia, entre os seus vestidos, o que lhe parecesse mais provocante. Nestes dias, Marina era pura sensualidade em seus banhos demorados, perfumes marcantes, leves movimentos - sempre provocantes - tão natural em sua inocência que Marina despertava olhares ínvidos e ávidos no seu leve caminhar, como de quem flutua.
Na quarta-feira ainda havia muita sensualidade em Marina, somada a uma inocência quase infantil. Atendia pelo nome de Juliete Hardy e, apesar de parecer apenas uma garota meio perdida, talvez indecisa, ou somente jovem demais, podia chocar uma cidade inteira como tanta segurança no seu caminhar e tantos desejos no seu olhar.
Quinta-feira era um dia de trabalho para Marina. Era um dia em que não fosse seu sorriso encantador, perderia todo o seu charme feminino dentro de uma calça escura e uma camiseta. Vendia uns exemplares de um jornal local no centro da cidade mas, Marina sonhava mesmo que gritava “New York Herald Tribune” em plena Champs Elysées.
Marina tinha um jeitinho de princesa, todos concordavam quanto a isso mas, às sextas, Marina se sentia uma rainha, como Christina na Suécia. Bem, ela podia nunca ter estado lá, mas tinha certamente uma força no olhar, segurança em seus atos, uma melancolia talvez ou, simplesmente, garbo.
Tinha também um ar de mistério, típico das francesas, especialmente aos sábados, quando ela gostava de se aventurar pelas estradas – na maioria das vezes acompanhada de um homem de terno cinza que fumava demais – viver sem preocupações, mas sempre com intensidade. Deve ser por isso que nesses dias seu nome era Renoir. Marianne Renoir.
Assim me disseram ser Marina. Vivia tantas estórias, aventuras e vidas que não a pertenciam, mas alimentavam o seu ser. Os filmes lhe invadiam alma com tanta força que lhe faziam esquecer quem era e ir viver dentro de uma tela de cinema.