quarta-feira, 16 de setembro de 2009




Chove agora. E chove forte. Todas as lágrimas que não posso chorar caem lá fora neste momento. A tempestade que eu temia agora me encanta. Ouvi dizer que a chuva lava a alma, mas mesmo que atravessasse a cidade enfrentando meus medos, a chuva não apagaria toda a dor deste momento. Já passa das três. É tarde. Tarde demais para esquecer e perigoso demais para lembrar. E eu não gosto do perigo, não quando não tenho um lugar seguro para voltar. E não há lugar seguro no meio da tempestade em que estamos. Eu choro e você não percebe, minhas lágrimas não são reais e que diferença faz se tudo o que você amou em mim eram mentiras. As mesmas mentiras que nos separaram. Eu me cansei dos seus paradoxos. Você sempre soube que comigo era tudo ou nada. E eu escolho tudo, toda a intensidade das coisas. Assim eu vejo que o paradoxo se aplica a mim: eu não consigo abandonar a segurança que eu sempre precisei, sempre quis, sempre tive mas que agora me sufoca e faz gritar por socorro, liberdade, profundidade e tudo o que for inesperado. Sim, o paradoxo sou eu. Tudo o que sempre te acusei de ser era na verdade o meu próprio reflexo. Deve ser por isso que não posso mais ser eu mesma. Preciso me perder de mim, só não estou certa se depois disso ainda vou querer me encontrar.

3 comentários:

Léo Fardim disse...

cara, muito bom isso, sentimento profundo...
tambem gostei daqui, mais um para mim seguir...
: )

Ludmila Clio disse...

Nossa! Eu poderia assinar com vc esse desabafo... agora entendo teu comentário no meu blog. Identificação plena. Essa coisa de chorar e o outro nem perceber (ou pior, nem querer perceber) é de cortar o coração... juro que entendo cada letra de teu texto... ainda bem que de vez em quando cai uma tempestade lá fora com toda a intensidade e ao menos atenua o que nos consome aqui dentro...
Beijo!

l. carney disse...

obrigada *--* e desculpa por responder dois séculos depois >__<